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Mostrando postagens de 2015

Nada termina poeticamente

Sobre transformar as quedas em coisas belas, ou até mesmo não ter palavras suficientes para poetizá-las. Acho que a imagem diz tudo, e sigam essa conta no twitter, é maravilhosa. ❤

Sobre poças d'água e all-stars surrados*

Eu acabava de sair da estação de trem, cansada pela longa viagem, e ainda sonolenta devido ao horário, quando percebi que chovia. Por sorte, ou talvez pelos avisos frequentes de minha mãe que me fizeram comprar um guarda-chuva novo, eu não o havia tirado da bolsa. Caminhei apressada por cerca de 10, ou talvez menos, minutos , até perceber que meus pés estavam molhados. Tudo bem, isso é um puta de um eufemismo. Eles estavam encharcados. Meus tênis favoritos pareciam a própria poça d'água. Culpei a chuva e o fato de a faculdade ficar longe da estação de trem por alguns segundos, até perceber que, na verdade, a culpa era inteiramente minha. Aquele era o sapato que mais gostava, e eu, com minha estranha mania de precisar escolher objetos favoritos, e usá-los até estarem inutilizáveis, levei-me àquela situação de pés frios numa manhã chuvosa. É engraçado, e talvez u...

Não faz.

Eu sei o que você está pensando: Já estive desse lado antes Onde a escuridão não tem limites E acordar é aterrorizante. Eu sei o que você está sentindo: Já respirei este mesmo ar E nesta mesma imensidão vazia Já nadei até me sufocar. Eu sei o que você está vendo: Eu já perdi o controle antes E já tive minhas mãos atadas Por horas debatendo-me Até beirar a inexistência Eu sei o que você está dizendo: Já lutei contra essas vozes antes E já perdi dezenas de brigas Porque eu sei do que elas são feitas, E eu sei o que você está pensando. E eu sei que você também sabe Que elas não podem ser extirpadas: Eu não posso impedir a mim mesma - nem por uma fração de segundo - de existir. Mas eu posso. Eu posso. E eu sei que você também sabe Que a tênue linha entre o existir e a inexistência Est...

Quando a consciência anoitece, e as vantagens da (in)existência são questionadas.

Às vezes gosto de ser eu. Nem sempre um dia é completamente bom, mas às vezes surgem instantes com gosto de verão. E às vezes gosto de ser eu. Como quando o céu é claro, e não estou com pressa, e o café não está quente, e as pessoas sorriem pra mim, e tudo vira poema, e aquele vestido me cai bem. Quando a chuva vêm no meio da noite, e o sono quase chega, e os sonhos se confundem com estrelas. Às vezes gosto de ser eu. Quando as lágrimas são de alegria, e os pulos não cabem no espaço, e as pessoas são boas, e a grama é verde, e eu posso dizer. Que gosto de ser eu. Como quando tudo parece certo, breve, calmo e sonho - e nada se dissolve, e as bolhas de sabão têm gosto de chocolate, e a noite me sorri. É quando eu sei que gosto de ser eu. Quando a música entra pelas janelas, e as flores se mostram coloridas, e o vento não é assim tão frio, então eu ve...

Sede de sangue

Eu gostaria de dizer que você não está sozinho Mas nós somos monstros E queremos sangue Eu gostaria de dizer que olhei dentro de seus olhos Mas nós somos monstros E só vemos nossa própria sombra Eu gostaria de dizer que sei o seu nome Mas nós somos monstros E olhamos para a frente ao andar nas ruas Eu gostaria de dizer que vou lhe estender a mão Mas nós somos monstros E nós temos garras: Nós as usamos para caçar Porque nós somos monstros E é assim que sobrevivemos. Você pode gritar Mas não escutaremos sua voz Porque nós somos monstros E tapamos os ouvidos É isso que nós fazemos É o que somos - Feitos de pedra Esculpidos no gelo Eu sou um monstro E eu me odeio E eu sinto muito. Eu queria dizer que você não está sozinha Mas eu não conheço você Porque nós somos monstros E monstros vivem sozinhos.

Despedida

Eu estou indo embora Para um lugar distante Onde as luzes não se apagam E o sol ainda é quente - e seu sorriso me alcança. Eu estou indo embora E as malas já estão prontas Mas minhas pernas não se movem, paralisadas de saudade - e a terra já é fria. Eu estou indo embora Mas não posso partir Meu coração está preso, E soluço de medo sem você aqui - onde a chuva não cai. Porque já faz um tempo Que o vento te levou E eu preciso partir Porque nada aqui restou. Eu estou indo embora E quando eu me virar Todo o azul de seus olhos salpicado no céu Desaparecerá - onde a chuva não cai E suas asas não batem E os pássaros não cantam E o amor se esvai.

O inferno de nós mesmos

Que estou querendo enganar? Tudo continua como antes Mas já não posso me esconder: Você pode atirar seus dardos. Quem estou querendo enganar? Espelhos não podem mentir Mas eu posso - é o que faço agora: É como consigo respirar. Quem estou querendo enganar? Meus próprios olhos não se fecham E já não posso me esconder - daquilo que vem de mim mesma. Quem estou querendo enganar? Não posso calar estas vozes tentando gritar mais alto Elas sempre chegam na frente. Porque eu sei do que elas são feitas: É de minha própria matéria E eu sei onde eles se escondem - Porque os vejo em meus olhos. E eu não posso apagar a mim mesma Mesmo que doa em todas as partes E tudo pareça errado - Não posso quebrar o que vejo. Mas quem estou querendo enganar? Sempre haverá algo errado Mesmo quando tudo parecer certo E o desejo de ser refeita Se esconder nos confins de mim mesma.

Reflexos

Me ame Me odeie Destrua Contorne Recrie Me julgue Defina Desmonte Desenhe Não fuja Se lembre: Conserte.

Sol

Escrevi este poema, e o chamo de "Sol", porque é só o que tenho pra dizer , e creio que isso basta . Meus maços já se acabaram Mas ainda há um resquício Bem na ponta do iceberg Onde me seguro em vão Tentando alcançar a chama Que me aquece e me banha e me cobre em todos os pontos Onde é impossível alcançar. Meus maços já se acabaram, Mas ainda há um resquício Bem na ponta de meus dedos Onde tudo começava - porque eu ainda me lembro Do toque de suas mãos E ainda procuro-as Às vezes. Brevemente. Por horas. Meus maços já se acabaram, Mas ainda há um resquício Bem no fundo de meus sonhos O inconsciente escuro De onde não posso escapar Porque é só o que sobrou De você . Meus maços já se acabaram, Mas ainda há um resquício Bem lá no fundo...de mim Onde me seguro em vão Tentando alcançar a chama Que me banha e me cobre em todos os pontos Onde é impossível alcançar. Porque os maços acabaram Mas não se apagou a chama Onde tudo começava - porq...

Hiato

Para onde estamos indo? Para o fundo da escuridão Onde o amor está em escassez (E não podemos respirar) Não, não mais. Porque ar não há. Para onde onde estamos indo? Para o fim da estrada fria Onde os raios de sol não batem (E já não podemos voar) Não, não mais. Porque céu não há. Para onde estamos indo? Para o início vazio Onde o querer não existia E o silêncio imperava (E já não podemos gritar) Não, não mais. Porque voz não há. Mas agora só há Verdades e ódio Discursos e palavras (E já não podemos ser) Não, não mais. Porque cor não há. (E não se pode existir) Não, não mais Porque transcendência não há. (E não se pode sentir) Não, não mais Porque compaixão não há. Mas agora só há Algemas e solidão (E já não pode...

O outro lado da saudade

Voltando pra casa, sozinho Meus pensamentos flutuaram Até onde eu não poderia - senão em breves devaneios, amargamente adocicados e ironicamente azuis - por apenas um pouco, ir. Voltando pra casa, às pressas Não pude deixar de pensar No quão perto você estava - onde eu não podia alcançar E no quanto aquele outono De dias ora frios ora Quentes como seus abraços Parecia-me teus olhos. Voltando pra casa, sem rumo Me perdi em mim mesmo - em cada esquina um pedaço Que eu já não podia juntar. Voltando pra casa, sem ar Não pude deixar de pensar Se encontraria novamente O caminho de volta pra você E meus pensamentos voaram Para cada palavra dita Numa procura enlouquecedora Pela raiz do silêncio. Voltando pra casa, sem sobras Perguntei-me se poderia Algum dia encontrar de volta Uma parte da superfície. Voltando pra casa, gritei A cada passo na escuridão A cada lágrima e...

Redenção

Me leve para longe De toda a insegurança, Dor e escuridão. Me deixe respirar . Me leve para longe De todas as lembranças, Os pedaços perdidos E aquilo que não pode Ser salvo ou consertado. Me deixe flutuar . Me leve para longe Das sombras e do orgulho, Dos gritos e sonhos, Da queda e do sufoco Nas noites violentas. Me deixe transbordar . Me leve pra longe Dessa parte de mim Que me puxa e me afoga E suga todo o ar. Me deixe transcender . Me traga para perto Me abrace por um tempo, Me dê alguns segundos Na superfície calma. Me deixe te amar . Me diga que eu posso Ser salva e perdoada. Apenas por um dia, Apenas por agora. Me deixe acreditar .

Ambiguidade

Eu ainda me fez lembro das noites Em que não podia respirar E você juntou cada pedaço Com seus abraços acolhedores Eu ainda me lembro das noites Em que tudo o que eu tinha era sua voz E aquilo era o suficiente Para me manter na superfície Eu ainda me lembro das noites Em que você me fez transbordar Quando eu não tinha nada sobrando E coloriu meus dias cinzentos Eu ainda me lembro das noites Em que você me fazia sorrir E eu pensava que poderia ser apesar da escuridão constante, E talvez não para sempre, salva Mas eu também me lembro das noites Em que você jogou os pedaços Em cantos distantes da cidade E levou embora toda a música, As cores, o ar, e o clarão E eu ainda me lembro da noite Em que tudo em nós se acendeu E eu também me lembro do vazio No silêncio de sua partida E eu precisava de você longe Então sem avisar você foi, Deixando em mim uma ambiguida...

Espelho

É engraçado como você quebra Tudo que suas mãos ágeis alcançam E machuca, e pisa, e fere e destrói Até a mais intrínseca camada. Até não remanescer nada mais. É engraçado como você tira Das mais brilhantes coisas toda a cor E sufoca toda a vivacidade Com a aura escura que o rodeia. É engraçado como você tira sarro de tudo e todos também E é engraçado como não tem graça alguma para ninguém mais. É engraçado como um rosto banhado por tamanha formosura Pode ser tão desumano e frio Será que você não consegue ver Através da armadura do gelo? É engraçado como você joga espinhos em todos que se aproximam E é engraçado como por fim Eles ferem apenas à você. É engraçado como você vive De grosserias e humilhações E nunca volta para consertar As feridas que deixa par...

Insight

A beleza não está nos espelhos, no rosto ou no manequim. Nas bordas, janelas ou disfarces. A beleza não está nas roupas, no discurso, ou na maquiagem. No aperto de mão, no currículo, ou na conta bancária. A beleza não está nas coisas que vão. A beleza não pode ser vista. Ou tocada - não em seu sentido mais óbvio. Ela precisa ser sentida . Ou ouvida, às vezes. A beleza é simples. É sabor. Calor. Entrega sem pudor. A beleza é complexa. Profunda. Doce. É processo não acabado. A beleza está no olhar. Nos olhos daquele que consegue enxergar as centenas de tons azuis nas noites mais acinzentadas, em que a escolha mais fácil seria simplesmente saltar. A beleza está na poesia. Na música. No toque. A beleza está naquele que encontra nas palavras de outro um refúgio, ou, por meio delas, enfim compreende sua própria dor, e naquele que faz de suas palavras, e...

Ciclo infindo

Às vezes me sinto vazia Quando um pedaço se vai Entre as linhas da agridoce poesia E a tristeza se esvai Às vezes me sinto completa Quando um pouquinho transborda Das paixões sem fim do poeta E o coração acorda Às vezes me sinto meio cheia E às vezes meio vazia Quando aquilo que o coração anseia Me parece sinônimo de agonia E quando as palavras para o papel se vão Tudo transborda por um instante E me preparo de antemão Para o vazio abundante

Descompassado

Você é o sonho mais distante, O despontar mais ensolarado, O temporal mais aconchegante, O infinito mais estrelado. A canção mais arrebatadora, O poema mais apaixonante, A verdadeira merecedora De meu coração inebriante. Porque senhora, você precisa saber Que sou um pobre desafortunado E quando você se vai, Sobra só o meu coração descompassado, E todo o meu ar se esvai. E você precisa saber, minha senhora Que meu mundo então desaba devagar Quando fracasso novamente em te esquecer, E só fico a divagar. Então minha senhora, peço por favor, Acabe com a dor deste pobre coitado: Permita-me ao menos fitá-la, meu amor, E faça feliz este tolo apaixonado.

É preciso ir embora

Diga às estrelas que estou voltando para casa E diga a elas que sinto muito Talvez elas digam a você Que eu nunca quis partir Diga às estrelas que estou voltando pra casa E diga a elas que meu coração está partido Talvez elas digam a você Que eu nunca quis sentir Diga às estrelas que estou voltando para casa E diga a elas que sinto sua falta Talvez elas digam a você Que a saudade precisa ser recríproca Diga às estrelas que estou voltando pra casa E diga a elas que não quero você aqui Talvez elas digam a você Que eu mesma vou lhe dizer.

Mil e um outonos de um passado inexistente

Era uma noite comum - um pouco fria demais para o verão, e um pouco calma demais para um sábado à noite. Eu gostaria de me lembrar dos detalhes específicos em relação à ela, mas como toda lembrança, essa já se torna desfocada com o passar o tempo, como um filme antigo ou algo do tipo. Era uma noite comum, e você apareceu. Eu me lembro de seus cigarros, o copo meio vazio de um uísque barato em sua mão direita, e a jaqueta de couro gasta que você nunca abandonava. O cabelo meio bagunçado e a pose de garoto que não se importava. Eu me lembro de como você se aproximou, e eu o repudei - talvez com um olhar, ou minhas palavras ríspidas; e você continuou. Talvez estivesse bêbado - você tendia a ser mais engraçado quando enchia a cara - ou talvez sua noite estivesse entediante o suficiente para ir falar com a garota mal-humorada. Você me pagou uma bebida, e me contou sobre sua namorada...

Rápida e diretamente

Em momentos livres do torpor ininterrupto do dia a dia, me pego pensando na natureza do labirinto, e em como sair dele. Embora por um tempo tenha acreditado que, com o avançar dos passos, a luz se mostraria, ainda caio em momentos de escuridão - constante - em que procuro desesperadamente pela saída, ou jogo-me em algum canto das inúmeras curvas, à espera do que vier. Nesses momentos, sinto medo da inércia, e a inexplicável necessidade de sentir clama por mim novamente. Então, penso que talvez, se trate disso. Essa pode ser a grande questão. Talvez - e isso me assusta - não seja sobre escolher o labirinto; mas sobre a forma como você decide percorrê-lo. Algo como andar descalço por quilômetros no Sol quente apenas para ver a chuva. E, agora, me pergunto se as tempestades valem a pena...

Furacão

Antes dos surtos, geralmente vem um frio na barriga. Frio que começa na ponta dos pés e sobe devagarinho até a cabeça - então volta, parando na boca do estômago, como um aperto, ou um beliscão. Não, mais como um formigamento temporário. Antes dos surtos, geralmente vem as perguntas pra mim mesma. Aqueles debates mentais pesados por minha balança controladora, acompanhados de conselhos formulados por uma das tantas "eu". Antes dos surtos vem os sonhos. As imagens coloridas, felizes e perfeitamente imperfeitas que acompanham os sorrisos. Antes dos surtos, vem o medo. Aquela estranha sensação de sufocamento, quase como não poder respirar. Ou poder, mas sentir como se não pudesse. Antes dos surtos, vem o medo do amanhã. Do ano que vem, das próximas décadas, ou do próximo segundo. Do próximo milésimo de segundo . Antes dos surtos, vem o espelho, que trás todas as peças do...

Em construção

Talvez eu seja a inconstante de minha própria equação bagunçada, presa aos tantos reflexos de um real, escondido - e talvez inexistente - eu , sufocado pelas tantas camadas que me rotularam. Talvez o meu Grande Talvez seja encontrar a essência de todos esses fragmentos dicotômicos que me partem e puxam e terminam em diferentes direções. Não quero ser uma parte. Não quero ser um efeito. O que nós precisamos - o que eu preciso - é ser inteira.

Sobre a liberdade e sua estranha forma de se manifestar

Há uma certa beleza em se estar triste. E há uma beleza maior ainda em produzir algo a partir da tristeza. Chega a quase ser poético. Talvez mais do que a morte, ou o amor, a tristeza se torna algo palpável, sólido. Puro . E de certa forma, nos identifica. Há uma certa beleza em se estar triste. E há uma beleza maior ainda em produzir algo bom a partir da tristeza. Ela nos torna passíveis de significado. Profundos, sensíveis. Nos torna pessoas. Há uma certa beleza em se estar quebrado. Nos torna destrutíveis, e de certa forma, humanos. Meio cheios, mesmo que daquela substância tóxica e escura. Há uma certa beleza em se produzir algo bom e eterno a partir da tristeza. Nos torna jovens. Presos em nossas próprias correntes neurológicas. Mas não há beleza alguma em viver disso. Uma hora, precisamos arrancar o band aid, foi o que ouvi. A dor, de certa forma, nos mostra que estamos vivos. Que som...

Areia movediça

Meus braços, flácidos, balançam sem parar. Meus ossos, frágeis e quebradiços, se partem dolorosamente. Minhas pernas não suportam todo o peso. Meu cabelo cai em porções assustadoras. Meus olhos avermelhados não conseguem enxergar nada ao redor. Meus pés parecem cobertos por bolhas. Minhas unhas se quebram. Minhas narinas queimam. Minhas roupas se reduzem a farrapos. Meu cérebro explode em centenas de pedacinhos, e de repente, não sou mais. Não estou ali. Eu não existo. Reduzida a partes microscópicas espalhadas pelo asfalto numa combustão impactante. Pequena. Não visível. Nada . Eu grito, e corro, e caio. Eu olho para trás, mas só há escuridão. Eu sigo em frente, e tudo parece nebuloso. Eu paro, e a tempestade violenta chega. Eu fecho os olhos e o Sol escaldante me aquece. É gostoso. Eles se abrem, e não consigo ver nada. Uma luz se acende. Procuro por ela. Respiro-...

O buraco azul

Querido Theodore Finch, Você não é o primeiro personagem que me faz pensar nisso. Nic, Hanna, Alasca, Hayden, Violet, e muitos outros dos quais talvez eu já não me recorde, passaram na sua frente. Entretanto, este livro, de alguma forma, me deixou transbordando, repleta daquela sensação. A estranha melancolia acompanhada pela felicidade inexplicável, ou talvez ou contrário. Não importa. Pensar na morte sempre me deixa triste, e ironicamente, talvez um pouco menos do que pensar na vida. Porque as pessoas morrem? Ás vezes penso que esta é uma pergunta simples. Ao contrário do que queremos - e precisamos acreditar, tudo um dia chega, inevitavelmente, ao fim. Como se todas as coisas do mundo (inclusive, possivelmente, ele próprio) possuísse um prazo de validade. Ás vezes, dura segundos. Ás vezes, algumas horas. E outras vezes, um pouco mais. Ainda existirão pessoas quando partirmos, e o mundo contin...

Encontro

Por ela passam-se os dias, Repletos de velozes segundos Carregados pelo vento E por ele passam as noites Repletas de anos inteiros arrastados pela chuva E naquela veloz-lentidão De dias que passam num segundo E noites que carregam vidas inteiras, A menina e o menino se encontraram Numa meia-tarde ensolarada Contrariando o tempo costumeiro Juntaram seus ponteiros quebrados Formando um coração inteiro.

Meio cheio

E nessa coisa de negar o que sentia, completada pelo silêncio explosivo de palavras pensadas e não ditas, fui então me  desapaixonando . E num forçado processo de esquecer um conjunto infinito de você, fui me  esvaziando . E nessa coisa de esvaziar e desapaixonar, fui  percebendo . Que naquela coisa de não voltar, Você nunca pode levar tudo o que há.

Queda livre

"Às vezes me pergunto como seria a sensação de voar. Como pássaros, borboletas, insetos, ou talvez anjos e dragões. Me pego imaginando como seria sentir o ar batendo em meu rosto, fechar os olhos rapidamente, e quando abri-los, deparar-me, apenas, com a imensidão em centenas de tons azuis. Sentir as luzes brilhantes e iridescentes em todo o seu resplendor ensolarado, ou a brisa fria e leve, acompanhada da doce calmaria. Inalar o delicioso e indescritível aroma- de sol, laranja e possivelmente, grama fresca. Imaginar todo o verde, lá em baixo. Me sentir livre, por alguns instantes. Outras vezes, me pergunto se tal liberdade existe, em algum lugar. Pego-me procurando pelo tal silêncio mágico, e a pitada de felicidade que o acompanha. Às vezes, consigo imaginá-lo. Quase tocá-lo, como algo sólido. Então, lentamente, abro os olhos... E tudo ainda está ali.”