Antes dos surtos, geralmente vem um frio na barriga.
Frio que começa na ponta dos pés e sobe devagarinho até a cabeça - então volta, parando na boca do estômago, como um aperto, ou um beliscão. Não, mais como um formigamento temporário.
Antes dos surtos, geralmente vem as perguntas pra mim mesma.
Aqueles debates mentais pesados por minha balança controladora, acompanhados de conselhos formulados por uma das tantas "eu".
Antes dos surtos vem os sonhos.
As imagens coloridas, felizes e perfeitamente imperfeitas que acompanham os sorrisos.
Antes dos surtos, vem o medo.
Aquela estranha sensação de sufocamento, quase como não poder respirar. Ou poder, mas sentir como se não pudesse.
Antes dos surtos, vem o medo do amanhã.
Do ano que vem, das próximas décadas, ou do próximo segundo. Do próximo milésimo de segundo.
Antes dos surtos, vem o espelho, que trás todas as peças do quebra cabeça ruim até o presente.
Antes dos surtos, vêm as crises existenciais.
O que eu sou, do que gosto, o que quero e como (e se) posso chegar lá.
Antes dos surtos, vem o medo de cair.
Antes do medo de cair, vem o medo dos outros. Do que são, dizem, pensam e acham.
Antes do medo dos outros, vem o medo de mim mesma. E é onde tudo começa.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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