Meus braços, flácidos, balançam sem parar. Meus ossos, frágeis e quebradiços, se partem dolorosamente. Minhas pernas não suportam todo o peso. Meu cabelo cai em porções assustadoras. Meus olhos avermelhados não conseguem enxergar nada ao redor. Meus pés parecem cobertos por bolhas. Minhas unhas se quebram. Minhas narinas queimam. Minhas roupas se reduzem a farrapos. Meu cérebro explode em centenas de pedacinhos, e de repente, não sou mais. Não estou ali. Eu não existo.
Reduzida a partes microscópicas espalhadas pelo asfalto numa combustão impactante. Pequena. Não visível. Nada.
Eu grito, e corro, e caio. Eu olho para trás, mas só há escuridão. Eu sigo em frente, e tudo parece nebuloso. Eu paro, e a tempestade violenta chega. Eu fecho os olhos e o Sol escaldante me aquece. É gostoso. Eles se abrem, e não consigo ver nada.
Uma luz se acende. Procuro por ela. Respiro-a. Me jogo. Me afogo. Cuspo-a.
"Brilhe mais!" eu quero gritar.
Ela não me ouve. Estou pequena demais. Nada demais. Tudo demais.
Estou. Sou. Fui. Era.
Conjugações demais. Verbos a mais.
Incapaz.
Efeito colateral. Explosão banal. Labirinto fatal.
Como explicar essa estranha urgência de ser?
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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