Eu sei o que você está pensando:
Já estive desse lado antes
Onde a escuridão não tem limites
E acordar é aterrorizante.
Eu sei o que você está sentindo:
Já respirei este mesmo ar
E nesta mesma imensidão vazia
Já nadei até me sufocar.
Eu sei o que você está vendo:
Eu já perdi o controle antes
E já tive minhas mãos atadas
Por horas debatendo-me
Até beirar a inexistência
Eu sei o que você está dizendo:
Já lutei contra essas vozes antes
E já perdi dezenas de brigas
Porque eu sei do que elas são feitas,
E eu sei o que você está pensando.
E eu sei que você também sabe
Que elas não podem ser extirpadas:
Eu não posso impedir a mim mesma
- nem por uma fração de segundo -
de existir. Mas eu posso. Eu posso.
E eu sei que você também sabe
Que a tênue linha entre
o existir e a inexistência
Está no quão forte você grita
Mais alto que todas essas vozes
- mais alto do que você mesmo.
E eu sei que você também sabe
Que o inferno é só uma palavra
Acorrentada aos confins escuros
De nossas mentes gritantes.
E eu sei, mas você não sabe
E eu poderia gritar,
Até você entender
(Até eu mesma entender)
Que a resposta é não.
Não.
* Sobre uma pergunta acinzentadamente gritante demais para ser ignorada (mesmo que não tenha sido feita para mim).
Comentários
Postar um comentário