(20 horas antes)
Me dê boas razões para ir, eu penso, tão alto que parece ecoar por todo o terminal de ônibus. Viro para trás, me perguntando por alguns instantes se as pessoas ao meu redor podiam ver - porque era tão óbvio para mim. Era tão óbvio e, ao mesmo tempo, tão difícil de dizer em voz alta. Eu precisava ir embora, e não apenas literalmente - meu último ônibus para casa passaria dali a alguns minutos. Eu precisava fazer aquilo, mas minhas pernas pareciam estagnadas.
Havia uma série de razões para ir - eu poderia listá-las em minha mente, palavras afiadas que, às vezes, me sufocavam, como quando minha pressão caía ao sentir que não podia respirar em lugares lotados. Havia uma série de razões para ir, e era a coisa justa a se fazer, para ambas, mas aquilo não tornava a decisão mais fácil.
Uma série de razões para ir, e todas elas pareciam se dissipar no instante em que seu nome vinha à minha mente. Porque eu estava apaixonada por Meredith, e, às vezes, o amor não faz sentido algum.
Entrei no ônibus, escolhendo o banco de sempre - nosso banco, e não pude deixar de me perguntar se aquela era uma despedida. Então sorri, uma pontinha de um estranho alívio se espalhando por meu coração enquanto eu lentamente o quebrava.
Se me dissessem que as tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda chuvas que pudesse encontrar. E eu mergulharia, de novo e de novo, não importa quão encharcadas minhas roupas - e meu coração - pudessem ficar. Porque valia a pena. Valia a pena.
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