Pare - começa com um sussurro tão baixo que parece vir do fundo de minha mente.
Pare - ouço sua voz mais uma vez, tão calma em comparação ao tremer de meu corpo, e não me permito abrir os olhos, porque embaixo das cobertas monstros não podem ser reais. Se eu não encará-los, eles não podem me ver - é o que digo a mim mesma quando os sinto se aproximar, no começo do que parecia só mais uma noite barulhenta.
Respire. Paro. Não posso abrir os olhos. Respire. Está um belo dia lá fora. Respire. Eles não podem ser tão altos assim. Respire. Nós sabemos que isso não é verdade - converso comigo usando a mesma voz doce que faz Mari se acalmar de seus pesadelos. PORQUE RAIOS NÃO ESTÁ FUNCIONANDO?
Não vamos por esse caminho novamente - tento ser racional - Olhe. Pra. Você. Mas não posso abrir os olhos, eles ainda estão ali. Eles estão tão perto que novamente parecem meus. Mas não são - a voz doce soa tão pateticamente repetitiva. Eles não são! - grito com raiva, meus olhos completamente abertos se assustando com a escuridão.
Pare... - soo firme em minha própria direção, as lágrimas queimando em minha bochecha como terríveis lembranças da amarga recaída que não deveria estar ali.
Pare - olho bem no fundo de seus olhos vermelhos, observando-os atentamente sem o medo de outrora, e pela primeira vez me permito vê-los como realmente são, porque aquilo não era eu - minha voz falha no décimo primeiro ecoar.
Aquilo não era eu, respirando devagar eu os aceito, dessa vez, diferente de todas as outras ocasiões - não como medonhas entidades que não poderiam ser questionadas, mas como nada mais do que eram: pensamentos.
São apenas pensamentos, concluo aliviada com um questionar nas últimas sílabas que não deveria estar ali, mas estamos perto.
Observando-os à luz do dia, com as caras sangrentas e os dentes à mostra, pela primeira vez me dou conta do quão monstruosos parecem. Aquilo não era eu, e sua voz, impactando antes em cortes profundamente vermelhos, arde em minha pele por uma dolorosa picada, enquanto repito mais uma vez, sem parar, todas as palavras estúpidas que já sabia.
Aquilo não era eu.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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