Uma das coisas mais difíceis e demoradas que aprendi esse ano foi sobre relacionamentos, e não falo apenas sobre os amorosos, mas qualquer tipo de relação no geral.
Como garota que passou toda a adolescência acreditando que não era boa o bastante - esteticamente e como indivíduo - na vida adulta me vi em um ciclo repetitivo em que meus interesses amorosos eram de alguma forma acionados a partir do não-interesse do outro, o que de alguma forma se repetia em outros tipos de relações, em que eu me via cercada por uma estranha necessidade de agradar - de ser gostada.
Em algum momento, me dando conta de que isso era recorrente e não apenas uma infeliz coincidência, me peguei questionando como trabalhar o problema, afinal, como eu poderia controlar meus próprios sentimentos?
Achei que estava bem quando entrei em um bom relacionamento amoroso, que surpreendentemente desmoronou alguma porção de meses depois, resultando em noites e noites em que me peguei pensando que diabos havia dado errado. Tive meu primeiro clique numa sessão de cinema, alguns meses depois, em um dos meus primeiros encontros (sem lágrimas e arrependimento no caminho pra casa) pós-termino, quando me vi irritada com a personagem de uma comédia romântica bobinha, que, exalando uma insegurança tão irritantemente óbvia, passou o filme todo implorando por coisas que não deveriam ser pedidas. Em algum momento naquela sessão, me dei conta de que eu era (ou, em diversos momentos, havia sido) a tal garota: a insegura; não no sentido de ciúmes ou possessividade - mas algo além, que, naquele momento, eu não fazia ideia de como explicar.
Não encontrei minhas respostas naquele dia, e não sei ao certo quando elas começaram a se tornar claras pra mim, porque me lembro de uma série de episódios que levaram à tão esperada reflexão. O primeiro deles foi numa sexta-feira, em um banco de cimento solitário, quando me dei conta de que eu não era tão importante assim para pessoas que (na época) eu acreditava serem próximas a mim. O segundo foi num banco do mesmo material - perto dali - quando uma garota magoada por eu ter beijado o seu recente ex-namorado me disse que eu "tentava demais". O terceiro momento foi em uma cadeira, pouco mais confortável, numa sessão de terapia, em que eu tagarelava sobre como eu me sentia em meu antigo relacionamento - como se eu precisasse estar em uma corrida pelo amor de alguém - e a terapeuta, à minha frente, disse a tal óbvia resposta que eu ignorava.
Reflexões não vem de um dia para o outro - ou após momentos como os citados acima, em que estalos mágicos dão espaço à tão procurada solução. Elas demoram, e quando você se dá conta, já passou por isso. Eu não sei exatamente quando as minhas vieram, ou como terminaram, porque quando percebi, as coisas óbvias parecerem um pouco mais óbvias, já que os resultados começam a aparecer.
Em 2018, aprendi muitas coisas - a maioria delas sobre relações, e a mais importante, em minha percepção, tem a ver com a nossa relação com nós mesmas. Amor próprio não é fácil, e não vem de um dia para o outro - não é algo que você possa comprar em uma farmácia ou no supermercado, e amar a si mesma também significa reconhecer quando você está sendo seu próprio obstáculo - significa se respeitar o suficiente para buscar mudanças (que, às vezes, precisam vir de você, porque o problema nem sempre é o outro, por mais difícil que admitir isso possa ser).
No que diz respeito a mim mesma, percebi que qualquer forma de afeto deve vir naturalmente - seja em amizades ou relacionamentos amorosos. Você não pode forçar o outro a querer estar com você. Ninguém é obrigado a gostar de nós, por mais que, muitas vezes, isso doa no ego ou nos deixe um pouco frustrados, porque, meu deus, como alguém pode não gostar de nossa companhia?
Às vezes nós passamos tanto tempo tentando convencer alguém a nos querer por perto que esquecemos de que, primeiro, nós precisamos querer a nós mesmas. Eu sei que é difícil apreciar e admirar a si mesma quando existe toda uma estrutura nos dizendo, o tempo todo, o quanto não somos boas o bastante. Eu sei que, às vezes, pode ser difícil acreditar que alguém realmente possa gostar de você, quando você mesma vê tantas coisas que parecem erradas e fora do lugar e se sente tão não-interessante. E eu sei que, alguns dias, é difícil olhar no espelho e dizer a si mesma que não há nada errado. Mas tente mesmo assim - mesmo que você precise repetir uma centena de vezes e pareça uma baboseira que não funciona. Mesmo que você precise continuar repetindo. Diga a si mesma, milhares e milhares de vezes, que você é suficiente, e também não tenha medo de dizer isso a alguém.
Minha grande reflexão de 2018 girou em torno disso - da tão difícil busca pelo amor próprio, que envolve olhar para si mesma com sinceridade e olhar crítico (porém não cruel), e minha grande resolução para 2019 veio com uma consequência da anterior: me permitir continuar mudando. Trabalhando todas as coisas que me puxam para trás, e reconhecendo as que me fazem dar importantes passos. Continuar caminhando.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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