Nunca entendi completamente o calmo caminhar de Red, sem erros e tropeços, tão contrastante em relação a minhas corridas sem rumo. Éramos para mim completamente opostas, e em certo momento eu já não sabia dizer qual de meus desejos era o maior: decifrar o que diziam seus olhos, tê-la em meus braços ou metamorfosear-me em um de seus reflexos.
Nossa mais gritante diferença consistia no encarar do tempo: enquanto Red flutuava sobre os ponteiros, ignorando sua existência ou desconhecendo-a completamente, eu vivia contando-os mentalmente, temendo não conseguir segurá-los em meus poucos dedos.
Nunca a entendi completamente - e creio ser esse um dos grandes fascínios que Red exercia sobre mim - até aquele momento, em que corremos até o final da rua, e depois uma para a outra, sem que qualquer palavra saísse de nossas bocas.
O dia seguinte chegou, e aquela foi só uma noite. E foi.
Vamos fazer essa noite não acabar, ela disse, em cada um de seus beijos, e minha resposta foi um calmo silêncio de quem finalmente entendeu.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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