Ela estava na cova dos leões, exposta como um alimento sangrento que seria servido no jantar. A adrenalina em seu corpo lhe dizia para correr, mas não havia saída - estavam cercados por uma dúzia de feras famintas, que num ato fraterno fingiam não sentir suas gargantas pulsarem ao cheiro do alimento que não lhes pertencia.
O som do primeiro talher sendo pego pelo líder acionou um alarme em seus ouvidos, mas suas pernas não pareciam se mover. Havia muitos deles ali - todos aqueles olhares focados em sua direção, fingindo não vê-la.
Com uma rápida inspeção pela arena, percebeu que havia uma pequena saída atravessando o gramado, e então estaria fora dali - salva? Um bolo se formou lentamente em sua garganta, chegando junto à percepção de que não escaparia viva. Nem seu grito mais alto faria com que fosse escutada, porque não era daquela maneira que as coisas funcionavam - ela não era um deles.
Uma última pontada de esperança se espalhou por seu corpo, junto à adrenalina que a fez correr, como se do outro lado daquela porta estivessem todas as suas chances de sair viva daquele espetáculo. Lágrimas embaçaram seus olhos assustados quando ouviu aqueles passos a alguns centímetros dos seus, antecipando as garras que penetraram seus braços, puxando-a de volta para onde deveria estar.
Um grito, sufocado, saiu de sua garganta, ressoando por toda a arena e sendo ouvido a quilômetros de distância. Todas as cabeças se viraram instantaneamente para o lado diante de cena tão comum, e ela estava completamente sozinha - seus gritos ecoando por todas as paredes, mas não havia ninguém.
Precisamos proteger uns aos outros! eles cantaram em coro, suas bocas sangrentas se movendo sem fazer som algum, enquanto todo o bando virava suas cabeças para o lado, olhos solidários que fingiam não ver.
É uma pena, um deles sussurrou, desviando do corpo que sangrava no chão escuro, num lamento profundo sobre o acidente que não lhe coubera impedir. Seguiram marchando - o restante ainda precisava jantar.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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