Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e em cada um daqueles versos eu rabiscaria todas as coisas que amo sobre ela. Digo rabiscar porque sei que as palavras jorrariam de meu corpo num frenesi louco que eu mal poderia controlar.
Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e teria uma dezena de estrofes, e talvez uma dezena mais, que no final do dia seriam todas apagadas, para então serem escritas novamente, numa bagunça sem sentido que qualquer leitor não entenderia jamais. Sei disso porque, se eu pudesse escrever um último poema, haveria incontáveis coisas a dizer - todas elas escapando de meus poros - e ainda assim eu não conheceria palavras que as dissessem tão bem quanto aqueles olhos.
Ah! Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e, é claro, falaria sobre seu olhar, mas não exclusivamente, porque há tantas coisas a se admirar!
Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e falaria sobre beleza. Eu poria ao meu lado um dicionário, e pelas tantas da madrugada mudaria de ideia de repente, quando no meio de qualquer estrofe percebesse que nenhuma palavra era suficiente.
Se eu pudesse escrever um último poema, ele falaria sobre o adorar, e então eu listaria, após entitulá-lo Ane, cada uma das coisas que me tiram o ar.
Eu gostaria de poder escrever um último poema, e talvez mais um, e quem sabe tantos mais - milhares deles, se for capaz, então eu os chamaria Ane, e os guardaria em algum dos meus cadernos. Mais tarde, jogaria-os ao vento, percebendo sua preciosidade ao enxergá-los eternos - não em um bloco de notas ou folha de papel, mas em cada parte de mim.
Por isso não escrevo um último poema, e tampouco coloco-te em palavras ou versos, mas deixo que viaje em meu corpo, numa poesia sem fim, que não cabe nessa folha, não cabe em minhas rimas, e tampouco coube, em nenhum momento, em mim.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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