Vidros quebrados e eu me sentia doente - meu corpo todo exalava saúde.
Ferimentos superficiais e um curativo parecia o bastante - até não restar uma sobra de pele descoberta.
Olhos inchados e noites de insônia, remendos mal feitos e continuo bem - eu quase convenço a mim mesma.
Procuro pelo som das rachaduras, e de repente estou em cacos.
Tentei encontrar beleza nos pontos sangrentos - era só mais uma parte. Tentei encontrar desculpas para os cortes infeccionados - eles poderiam melhorar.
Tentei esconder os curativos sujos - eles não existiam debaixo do tapete. Tentei ver beleza no vermelho e no roxo, tão escuros e familiares que já não mais me assustavam. Tentei e tentei, então deixei sangrar, cada gota que já não podia ser escondida da claridade, cada onda que emergia lentamente e me dobrava.
Tentei encontrar palavras bonitas para ela, como metáforas e cores, mas a verdade é que a dor é escura e solitária, e te consome - cada pedaço de pele saudável, cada trapo por baixo do curativo sangrento.
A dor não é bonita, porque ela acaba com você - e leva até o último pedaço. Mas é preciso deixar sangrar.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
Comentários
Postar um comentário