(ou Noite de janeiro)
Ela tinha a cabeça deitada em minha perna e tudo em nós era silêncio. As luzes estavam apagadas, soando como casa - calmo e aconchegante.
Ela tinha a cabeça deitada em minha perna, o cabelo bagunçado e os olhos acesos em meio à escuridão - os olhos mais lindos que já tive a sorte de contemplar. E o fiz, por mais tempo do que eu poderia contar, enquanto toda aquela onda de sensações me invadia.
Será possível gostar tanto assim de alguém? - foi a pergunta que fiz a mim mesma quando me dei conta de quão grandioso era tudo aquilo. Deixei então que caísse em mim, refrescando cada parte de meu corpo, como uma chuva que vem no meio da noite - ondas que lutavam contra todas as pequenas barreiras corpóreas e ameaçavam emergir por meus olhos.
Ela tinha a cabeça deitada em minha perna, o cabelo bagunçado e os olhos acesos em meio a escuridão - aqueles olhos lindos, e naquele momento desejei que pelo menos um pouquinho ela pudesse ler o que meus olhos viam - ver como eu. Desejei tão intensamente que por alguns instantes meus pensamentos pareceram gritar, tão óbvios pra mim, que não pude deixar de pensar que ela deveria saber. Ela tinha que saber. Porque eu sei que se ela pegasse meus olhos emprestados, só por um segundinho, ficaria maravilhada. É de tirar o fôlego.
Ela tinha a cabeça em minha perna, o cabelo bagunçado e olhos que pareciam acender todos os faróis em mim, e naquele momento eu soube, mais uma vez, como um clique que soa tão alto e não pode ser ignorado. Poucas coisas no mundo tem a habilidade de tocar nossos corações tão profundamente que parecem acender milhões de lâmpadas lá, e naquele momento eu senti tudo aquilo - como se todos os raios em mim se acendessem, bela e grandiosamente.
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