"Olhe pra mim", ela disse, no silêncio daquela noite de verão, e eu o fiz. A encarei atenta e lentamente, tentando memorizar cada parte daquele conjunto - desde os fios bagunçados no início de sua cabeça até os dedos gelados de seus pés.
- Olhe para mim - ela disse, na escuridão daquele quarto pequeno, alto o bastante para que eu pudesse ouvir, baixo o suficiente para que não fôssemos descobertas. Olhe para mim, ela disse, e meus olhos encontraram os seus, brilhantes como nunca. Olhe para mim, ela disse, e eu soube que nunca seria a mesma.
- Perto - eu respondi, minha voz ecoando no vibrar daquelas paredes, e eu sentia como se tivesse gritado. Tudo parecia demais, e cada cor iluminava como nunca - em meu peito, meus lábios, minhas mãos, seus olhos. Você poderia ouvir no silêncio, a algumas ruas dali. Um olhar e eu estaria viciada. Um toque e seríamos fragmentos explosivos. Um beijo e eu teria uma overdose.
Perto, eu respondi, e ela veio para mim. Em minha cabeça, só havíamos nós duas. Numa explosão que vibrava em frente os meus olhos, corria por minhas veias e aquecia minha pele.
Então éramos apenas mãos. E boca. E luzes - tantas luzes, eu pensei, e ela acendeu. Lenta e continuamente.
Aqui ela disse, e qualquer controle restante se desfez quando seus lábios vieram para os meus. Não tínhamos palavras nenhuma - de volta àquelas quatro paredes, todo o universo transformado em lar num corpo ensolarado.
se me dissessem que tempestades eram tão belas, eu mandaria queimar todos os guarda-chuvas que pudesse encontrar. Deixe que a noite acenda, e você nunca se sentirá tão viva. " E se eu não quiser queimar?" ela me perguntou, vestindo sua expressão mais inteligente, e eu podia jurar - por toda a minha coleção de canetas coloridas e todas as minhas figurinhas do Simon Snow - que seus olhos faiscavam. Não eram a sua parte mais bonita - ela tinha um montão de pedacinhos notáveis e, de alguma forma, era muito mais do que a soma das partes. Não, seus olhos não eram sua parte mais bonita. Talvez fossem as mãos, ou a boca - aquela boca - mas eu era suspeita demais pra falar. Nossa professora de biologia havia dito que podemos ficar três minutos sem oxigênio - o que era tempo pra caramba - mas quando aqueles lábios tocavam os meus, bem... eu tinha certeza que a Srta. Tomas estava errada. Porque aqueles láb...
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