Você faz eu me sentir errada
Com seus óculos esfumaçados
Que refletem o que você não vê.
Você borra todas as imagens
E eu me vejo cercada por sombras
Que sem filtro ecoam suas verdades.
Você arranca cada pedacinho
E suprime todo o som que grita
- as vozes que saem de mim mesma
Até eu me calar.
Como se cada parte de mim
não devesse sequer existir,
Você as pisoteia e destrói
E me vejo cercada por nada.
Como um saco de plástico velho
Calada, sozinha, descartável
Você não me vê, não de verdade
Com seus óculos esfumaçados
E suas garras ensanguentadas
- e me vejo cercada por nada.
Mas nós conhecemos a verdade
- por trás das lentes empoeiradas
Nós sabemos: não estou sozinha
E posso levantar a voz.
Porque nós sabemos a verdade:
Não se trata de uma luta justa
Mas eu posso ser a voz que ecoa
E nós podemos ser muitas.
- nós podemos ser muitas.
* Poema dedicado à Maria, Marina, Louise e todas as outras que, de alguma forma, já foram vítimas da sociedade machista que oprime, silencia e mata todos os dias.
E eu gostaria de não precisar escrever textos assim, mas os números são assustadoramente grandes.
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