A luta com o passado é tão cansativa
que não vemos quando não há com o que lutar
não há vitória quando tudo é sangue
e cada passo parece levar ao mesmo lugar
À deriva de mim mesma me balanço
Em meus próprios braços, uma canção de ninar
quando foi que a noite se tornou tão solitária?
com tantas vozes a me devorar!
Pegue mais um pedaço, o sangue ainda está quente
os coágulos são meus, mas há pra toda a gente
e a mordida mais doída ninguém me pode tirar
Veneno sempre parece saboroso
quando é tudo o que há pra saborear
engulo em seco, engulo o ar, e a escuridão me engole
e pra não dizer que não há o que me console
me permito mais um prantear:
O empurrei para longe ou o abracei
queimei seus pedaços e me inflamei
amaldicoei seu nome ou o pranteei
fujo, corro, grito, me encolho
mas se o passado não sou eu, porque o escolho?
e nesse poço sem fim me deixo banhar?
Com mãos calejadas esculpi vida no deserto
e hoje já nem sei ao certo
o que me constitui
se sou feita de mim mesma
ou me fiz, de cada apesar?
Quem me dera a resposta fosse tão fácil assim...
Mas se sei quem sou pouco importa agora
me despeço de cada traço que não vem de mim!
Porque eu sou eu, nascendo nos pedaços que amaldiçoei outrora
E agora me permito ver.
Eu sinto tanto pela demora em dizer:
o sol vai nascer mais uma vez
e espero que ele nasça pra você
Estou encantada em te conhecer.
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