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Music to my eyes

Se você fosse uma canção, eu a ouviria no volume mais alto em qualquer canto silencioso, para que eu pudesse sentir cada nota, e então eu a gritaria ao mundo, soprando todas as borboletas que explodem em meu estômago.
E se eu pudesse te fazer um poema, eu o tocaria em qualquer espaço perto do seu pescoço e te diria pra fechar os olhos, e então seríamos apenas nós. Em todo um mundo condensado naquele quarto. E eu diria: querido, pegue a minha mão. E seria a minha vez de te cantar uma canção, no volume mais alto, para que ouvíssemos em qualquer canto silencioso onde só haveria nossas respirações, junto às doces lâmpadas de seus olhos.
E então eu te diria para não ter medo, e ambos riríamos daquilo porque sentimentos não são marionetes, e como Gaga, eu desejaria te cantar um pôr do Sol, mas quando a noite caísse, eu te mostraria cada uma de minhas estrelas, e em algum momento da madrugada eu diria que é tão bom te ter aqui. Você talvez pensaria, por instantes, que eu estivesse falando daquele quarto, e aquela era uma verdade - mas havia tantas delas.
O aqui é tão grande, eu iria responder, torcendo os meus dedos para que você pudesse ter um espelhinho bem no canto do meu coração - porque dizem que é lá que o amor mora, mas o seu está por todo lugar. E se a chuva de outono embaçasse seus olhos  então eu iria dizer que é tão bom te ter aqui. E por "aqui" você entenderia no mundo, no universo, ali, em mim, ou em qualquer outro lugar. É tão bom te ter aqui.
Então eu beijaria o canto de sua bochecha, e como o tom de sua voz no meio daquela palavra em minha música favorita, eu iria te atingir profundamente. E você sentiria meu amor, porque é muito bom estar ali.

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