(Emanando)
Então eu disse.
Seus braços estão ao meu redor, meu rosto na curva de seu pescoço - que poderia ser minha parte favorita, se fosse possível escolher uma. Mas não havia, porque eu não podia escolher. Eu não podia escolher entre o modo como seus olhos me encaravam naqueles momentos em que o tempo parava e o jeito como seus lábios pareciam quentes encostados nos meus. Eu não podia escolher entre o cheiro de sua pele - de creme, sabonete, e Ray - e a quentura de suas mãos. Eu não podia escolher entre o modo como sua boca se curvava, evidenciando suas maçãs do rosto, e o jeito como ela fechava aqueles olhos. Eu não podia escolher entre o modo como ela sorria para mim e a expressão tranquila em seu rosto, quando ela estava caindo no sono. Eu não podia escolher. Porque era ... tudo. Todas aquelas coisas separadas e juntas e algo mais. Era tudo, e quando me dei conta meu mundo pareceu parar.
Todo o tempo para. Tudo só... para.
Então eu disse, mas palavras não pareciam suficientes. Não pareciam o bastante. Porque era demais.
Então eu disse.
Como você sabe? ela perguntou, as palavras entrecortadas por sua respiração ofegante quando tudo em nós era fogo.
Como você sabe? ela perguntou, mas não havia uma resposta e, ao mesmo tempo, havia milhares delas.
Então eu disse, e o tempo congelou.
Como você sabe? ela perguntou, e eu não sabia... Mas eu tinha toda aquela sensação - e meu coração se aquece.
Como você sabe? ela perguntou, mas eu não sabia. Eu não sabia e meus lábios procuravam os seus. E meu corpo procurava seus braços. E meu olhar caía sobre ela.
Então eu disse.
Como você sabe? Me pergunto, quando todas as palavras parecem insuficientes e pequenas, e percebo imediatamente que não sei de nada. Eu não sei de nada e não sei o que é isso. Eu não faço a menor ideia. Mas eu sinto. Eu só ... sinto. Em toda a extensão do meu corpo. Em cada parte de mim. Como ondas que chegam suavemente e, de repente, tomam conta de você, e então você apenas... sente.
Então eu olhei para ela, para cada parte do seu rosto, tentando pensar em palavras ou qualquer coisa que pudesse chegar perto do modo como ela fazia eu me sentir - tentando verbalizar como tudo parecia calmo e frenético e doce e certo e colorido quando estávamos juntas - mas nenhuma descrição parecia o bastante. Porque ela fazia minhas palavras voarem - ela fazia tudo voar.
Palavras podem ter asas? perguntei a mim mesma e então as soltei, deixando que voassem - esperando seu aterrissar em nós. Esperando que ela entendesse.
Como você sabe? ela pergunta, e chego mais perto, desejando que ela consiga sentir, e, me jogando em seus braços, me apaixono novamente. Um pouquinho diferente.
Como você sabe? Ela pergunta.
E eu apenas sinto. Eu apenas sinto.
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