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Mostrando postagens de junho, 2015

Areia movediça

Meus braços, flácidos, balançam sem parar. Meus ossos, frágeis e quebradiços, se partem dolorosamente. Minhas pernas não suportam todo o peso. Meu cabelo cai em porções assustadoras. Meus olhos avermelhados não conseguem enxergar nada ao redor. Meus pés parecem cobertos por bolhas. Minhas unhas se quebram. Minhas narinas queimam. Minhas roupas se reduzem a farrapos. Meu cérebro explode em centenas de pedacinhos, e de repente, não sou mais. Não estou ali. Eu não existo. Reduzida a partes microscópicas espalhadas pelo asfalto numa combustão impactante. Pequena. Não visível. Nada . Eu grito, e corro, e caio. Eu olho para trás, mas só há escuridão. Eu sigo em frente, e tudo parece nebuloso. Eu paro, e a tempestade violenta chega. Eu fecho os olhos e o Sol escaldante me aquece. É gostoso. Eles se abrem, e não consigo ver nada. Uma luz se acende. Procuro por ela. Respiro-...

O buraco azul

Querido Theodore Finch, Você não é o primeiro personagem que me faz pensar nisso. Nic, Hanna, Alasca, Hayden, Violet, e muitos outros dos quais talvez eu já não me recorde, passaram na sua frente. Entretanto, este livro, de alguma forma, me deixou transbordando, repleta daquela sensação. A estranha melancolia acompanhada pela felicidade inexplicável, ou talvez ou contrário. Não importa. Pensar na morte sempre me deixa triste, e ironicamente, talvez um pouco menos do que pensar na vida. Porque as pessoas morrem? Ás vezes penso que esta é uma pergunta simples. Ao contrário do que queremos - e precisamos acreditar, tudo um dia chega, inevitavelmente, ao fim. Como se todas as coisas do mundo (inclusive, possivelmente, ele próprio) possuísse um prazo de validade. Ás vezes, dura segundos. Ás vezes, algumas horas. E outras vezes, um pouco mais. Ainda existirão pessoas quando partirmos, e o mundo contin...

Encontro

Por ela passam-se os dias, Repletos de velozes segundos Carregados pelo vento E por ele passam as noites Repletas de anos inteiros arrastados pela chuva E naquela veloz-lentidão De dias que passam num segundo E noites que carregam vidas inteiras, A menina e o menino se encontraram Numa meia-tarde ensolarada Contrariando o tempo costumeiro Juntaram seus ponteiros quebrados Formando um coração inteiro.

Meio cheio

E nessa coisa de negar o que sentia, completada pelo silêncio explosivo de palavras pensadas e não ditas, fui então me  desapaixonando . E num forçado processo de esquecer um conjunto infinito de você, fui me  esvaziando . E nessa coisa de esvaziar e desapaixonar, fui  percebendo . Que naquela coisa de não voltar, Você nunca pode levar tudo o que há.

Queda livre

"Às vezes me pergunto como seria a sensação de voar. Como pássaros, borboletas, insetos, ou talvez anjos e dragões. Me pego imaginando como seria sentir o ar batendo em meu rosto, fechar os olhos rapidamente, e quando abri-los, deparar-me, apenas, com a imensidão em centenas de tons azuis. Sentir as luzes brilhantes e iridescentes em todo o seu resplendor ensolarado, ou a brisa fria e leve, acompanhada da doce calmaria. Inalar o delicioso e indescritível aroma- de sol, laranja e possivelmente, grama fresca. Imaginar todo o verde, lá em baixo. Me sentir livre, por alguns instantes. Outras vezes, me pergunto se tal liberdade existe, em algum lugar. Pego-me procurando pelo tal silêncio mágico, e a pitada de felicidade que o acompanha. Às vezes, consigo imaginá-lo. Quase tocá-lo, como algo sólido. Então, lentamente, abro os olhos... E tudo ainda está ali.”