Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2018

Beyond

Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e em cada um daqueles versos eu rabiscaria todas as coisas que amo sobre ela. Digo rabiscar porque sei que as palavras jorrariam de meu corpo num frenesi louco que eu mal poderia controlar. Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e teria uma dezena de estrofes, e talvez uma dezena mais, que no final do dia seriam todas apagadas, para então serem escritas novamente, numa bagunça sem sentido que qualquer leitor não entenderia jamais. Sei disso porque, se eu pudesse escrever um último poema, haveria incontáveis coisas a dizer - todas elas escapando de meus poros - e ainda assim eu não conheceria palavras que as dissessem tão bem quanto aqueles olhos. Ah! Se eu pudesse escrever um último poema, ele se chamaria Ane, e, é claro, falaria sobre seu olhar, mas não exclusivamente, porque há tantas coisas a se admirar! Se eu pudesse escrever u...

Fragilidade

Sobre o estranho episódio dos frascos quebrados: A primeira vez que percebi o furioso som de um frasco se quebrando foi assustadora. Tapei meus ouvidos com força, encolhida num canto escuro e silencioso, e entre lágrimas raivosas que gritavam solidão, senti-me indesejavelmente doente. O episódio foi esquecido algumas horas depois, quando recolhi cada um dos cacos pontiagudos, cercada por um estranho sentimento de calmaria que surgia após toda a arrumação e aparente limpeza. Guardei os fracos em minha gaveta, no lugar comum onde eu não podia vê-los, e creio que teria me esquecido de sua existência por um tempo maior não fosse o incidente que o sucedeu. Voltava de uma deliciosa caminhada quando a pontada novamente me fisgou, levando-me ao chão em poucos segundos. Arrastei-me até o banheiro, numa tentativa tola de segurar cada um dos frascos antes que encontrassem seu caminho até o chão, mas os vi se desmanc...