"Olhe pra mim", ela disse, no silêncio daquela noite de verão, e eu o fiz. A encarei atenta e lentamente, tentando memorizar cada parte daquele conjunto - desde os fios bagunçados no início de sua cabeça até os dedos gelados de seus pés. - Olhe para mim - ela disse, na escuridão daquele quarto pequeno, alto o bastante para que eu pudesse ouvir, baixo o suficiente para que não fôssemos descobertas. Olhe para mim , ela disse, e meus olhos encontraram os seus, brilhantes como nunca. Olhe para mim , ela disse, e eu soube que nunca seria a mesma. - Perto - eu respondi, minha voz ecoando no vibrar daquelas paredes, e eu sentia como se tivesse gritado. Tudo parecia demais, e cada cor iluminava como nunca - em meu peito, meus lábios, minhas mãos, seus olhos. Você poderia ouvir no silêncio, a algumas ruas dali. Um olhar e eu estaria viciada. Um toque e seríamos fragmentos explosivos. Um beijo e eu teria uma overdose. P...