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Mostrando postagens de março, 2016

Eu sou uma garota

Eu sou uma garota, E já ouvi que precisava emagrecer. Eu sou uma garota, E já usei o vestido vermelho errado. Eu sou uma garota, E minhas roupas já estiveram muito curtas. Eu sou uma garota, E minha maquiagem já chamou atenção demais. Eu sou uma garota, E deveria ter me maquiado ao sair de casa. Eu sou uma garota, Que já esteve tão mal-arrumada . E eu sou uma garota, E já estive 'arrumada demais'. Porque as garotas sempre fazem besteira: Andam nas ruas depois da meia-noite Com saias coladas e batons vermelhos O andar provocante e os olhares de culpa. Porque as garotas sempre fazem besteira: Viajam sozinhas - loucas descuidadas! Saem de casa e o dia nem clareou Dançam, perfumadas, querem atenção! Porque as garotas sempre fazem besteira: Não usam maquiagem, não se depilam! Não saem de casa e querem namorado Falam besteiras, não sabem o que dizem. Porque as garotas sempre fazem besteira: Provocantes, culpadas, merecedoras ! Falam demais, falam de menos, ...

Sem ar

Respire. - perdida numa imensidão de nada. Respire. - eu tenho sombras em minha cabeça. Respire - como um ponto final no meio da. Respire. - n'algum lugar no meio do caminho. Respire - eu procuro pelas luzes gritantes. Respire. - e a casa nunca pareceu tão longe. Respire - onde eu estou? Onde você está? Respire. - flutuando nas órbitas brilhantes. Respire. - tentando achar o caminho de volta. Respire. - e entender onde foi que me perdi. Respire. - como posso ter eu mesma de volta? Respire. - como posso saber que parte quero? Respire. - perdida numa imensidão de gente. E nada. Respire. Pausa. Sorria. Respire. Siga.

Eco

Você faz eu me sentir errada Com seus óculos esfumaçados Que refletem o que você não vê. Você borra todas as imagens E eu me vejo cercada por sombras Que sem filtro ecoam suas verdades. Você arranca cada pedacinho E suprime todo o som que grita - as vozes que saem de mim mesma Até eu me calar. Como se cada parte de mim não devesse sequer existir, Você as pisoteia e destrói E me vejo cercada por nada. Como um saco de plástico velho Calada, sozinha, descartável Você não me vê, não de verdade Com seus óculos esfumaçados E suas garras ensanguentadas - e me vejo cercada por nada. Mas nós conhecemos a verdade - por trás das lentes empoeiradas Nós sabemos: não estou sozinha E posso levantar a voz. Porque nós sabemos a verdade: Não se trata de uma luta justa Mas eu posso ser a voz que ecoa E nós podemos ser muitas. - nós podemos ...

E então eu caí (ou Poema sobre a parede azul)

Você não me contou sobre o vento frio Ou os sinos que batiam na janela Você não me disse que haveria noites com paredes coloridas de azul. Você não me contou sobre o silêncio Ou os muros que eu não podia ver Você não me disse que eu estaria Na sombra e na luz, sozinha no caos. Você não me disse Você não disse Mas eu soube. Você não me falou sobre as janelas, Os desenhos, trancas e fechaduras. Você não me falou sobre o começo, O vazio, os domingos e o fim. Você não me falou sobre as pessoas, os passos e histórias pra dormir. Você não me disse Mas agora eu sei. E então eu caí.

Sobre o ciclo vicioso da desnecessariedade.

Nós não precisamos gostar uns dos outros - não há um código sobre isso. Tão pouco precisamos ser melhores amigos ou puxar assunto quando nos encontramos. Também não há um código sobre isso, mas acho que há algo sobre respeito e, mais relevante ainda, sobre não ser desnecessário . Não sei se essa palavra faz sentido, mas, ao (re) pensar sobre minhas relações com as pessoas que conheço, e sobre suas respectivas relações com os outros, tenho me questionado bastante sobre o que nos faz, em alguns momentos, sermos tão desrespeitosos uns com os outros ou, pior ainda, tão extremamente desagradáveis. Uma das coisas que mais me incomoda e, por isso, me policio, evitando fazê-lo, é julgar as outras pessoas sem conhecê-las. Não gosto quando falam sobre a minha vida, ou história, sem me conhecer, e por isso me incomodo quando vejo alguém fazendo-o em rela...