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Mostrando postagens de abril, 2018

Ecos

Esgueirando-se por meu cabelo, se espalhando em minha pele, misturando-se ao meu sangue - engulo sua essência como a uma taça de vinho familiarmente amargo. Suas garras afiadas, que outrora ameaçavam me apunhalar, se confundem já com minhas próprias mãos, irreconhecíveis sob a pele queimada. Feitos de idêntica substância, de repente somos apenas um: embebidos nas mesmas sombras, pedaços da mesma sobra. Forço-me então a simpatizar com cada tom da escuridão, mas tudo o que tenho são fragmentos desprezíveis, desenhados por suas mãos. - Você é tão cruel - grito para os hospedeiros em minha mente, sanguessugas de meu próprio DNA; e numa confusão sem precedentes, já nem sei quais pedaços me pertencem. Te expulso e amaldiçoo, mas seu veneno, impregnado em minha saliva, viaja por meu corpo em borrões tão escuros que já não posso distinguir meus próp...

Universo

- Sobre amores que nunca couberam em um uni verso : Deitada sob um teto empoeirado, os sóis de seu abraço me rodeiam e o silêncio, de tão calmo, é musicado e seus olhos, tão acesos, me estrelam Seus braços, em meu corpo, tenho tudo Suas luzes, em meu quarto, amanhece E a escuridão nunca me pareceu tão calma Quando cada parte de você me aquece Então me diga que o céu é um rascunho e todas as luzes são fantasia Pois sei que o paraíso é só castanho E no castanho, se pudesse, eu viveria.

(des) conhecer

E no contínuo processo do conhecer Pude observar muitas partes de você Cada detalhe do seu corpo E a temperatura de seus lábios E a textura de suas mãos E o cheiro do seu cabelo E os vários tons dos seus olhos - e nada nunca me pareceu tão lindo. Mas agora já não tenho nenhum desses detalhes Porque o problema da memória, é que ela vai se apagando E tudo o que resta é o gosto das agridoces sensações E a pior delas é desconhecer Numa dolorosa lentidão quem um dia foi (tão) conhecida.