Esgueirando-se por meu cabelo, se espalhando em minha pele, misturando-se ao meu sangue - engulo sua essência como a uma taça de vinho familiarmente amargo. Suas garras afiadas, que outrora ameaçavam me apunhalar, se confundem já com minhas próprias mãos, irreconhecíveis sob a pele queimada. Feitos de idêntica substância, de repente somos apenas um: embebidos nas mesmas sombras, pedaços da mesma sobra. Forço-me então a simpatizar com cada tom da escuridão, mas tudo o que tenho são fragmentos desprezíveis, desenhados por suas mãos. - Você é tão cruel - grito para os hospedeiros em minha mente, sanguessugas de meu próprio DNA; e numa confusão sem precedentes, já nem sei quais pedaços me pertencem. Te expulso e amaldiçoo, mas seu veneno, impregnado em minha saliva, viaja por meu corpo em borrões tão escuros que já não posso distinguir meus próp...